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Embora a origem desses nomes não seja conhecida com absoluta certeza, uma das explicações mais comuns para os termos Dubbel, Tripel e Quadrupel está relacionada à forma como as bebidas alcoólicas eram historicamente identificadas.

Quando a maior parte da população era analfabeta, a maneira mais fácil de indicar o nível de álcool de uma bebida era com um certo número de “X”.
Um “X” teria sido usado para o teor alcoólico mais leve, “XX”, “XXX” e “XXXX” sucessivamente para versões mais fortes.
Assim, um “X” indicava uma bebida de baixo teor alcoólico, “XX” uma bebida com o dobro de álcool, “XXX” um teor alcoólico triplo e “XXXX” um teor alcoólico quádruplo.
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Teoria da MBAA
A MBAA (Master Brewers Association of the Americas) oferece uma teoria mais técnica para este caso, sugerindo que essas cervejas podem ter recebido seus nomes com base em uma técnica de brassagem chamada parti-gyle.

Com essa técnica, um primeiro mosto é extraído com um teor de açúcar fermentável de aproximadamente 22,5%.
A segunda extração será menos forte, em torno de 15%, enquanto a lavagem final resultaria em um teor de açúcar de cerca de 7,5%.
Agora, ao contrário, mostos com proporções de açúcar de 2X e 3X em relação ao primeiro podem ser obtidos.
Essencialmente, três cervejas de três intensidades diferentes poderiam ser produzidas a partir do mesmo mosto.
Embora essa técnica esteja quase obsoleta, esse sistema pode ser uma boa explicação histórica de como esses estilos receberam seus nomes.
Teoria da origem de Westmalle
Uma terceira teoria afirma que a origem desses nomes se deve à nomenclatura usada pelo mosteiro de Westmalle, que até 1856 produzia apenas uma cerveja.

A partir desse ano, eles começaram a produzir uma segunda cerveja, que identificaram como Dubbel, e depois, em 1956, uma terceira, que chamaram de Tripel.
Cada cerveja era significativamente mais forte em álcool e sabor do que a anterior, e a partir daí, esses nomes teriam se popularizado em todo o mundo.
Mais tarde, a cervejaria Koningshoeven (La Trappe) na Holanda produziu uma cerveja ainda mais forte, que chamaram de Quadrupel, dando origem a essa designação que engloba cervejas de estilo monástico com 10, 12 ou até 14% de ABV.
Referência aos estilos de cerveja
Como referência (BJCP), aqui estão algumas das características que podemos encontrar em cada estilo.
Dubbel
ABV: 6 – 7,6. IBU: 15 – 25. SRM: 10 – 17. Cor âmbar escuro, cobre, límpida, com uma espuma volumosa, cremosa, esbranquiçada e duradoura. Aromas e sabores maltados, com notas de chocolate, caramelo e/ou tostado, ésteres frutados moderados e uma presença suave de álcool.
Tripel
ABV: 7,5 – 9,5. IBU: 20 – 40. SRM: 4,5 – 7. Cor amarelo/dourado profundo, límpida e efervescente, com uma espuma duradoura, cremosa e branca. Aromas e sabores picantes, com notas frutadas e alcoólicas, um caráter cítrico e amargor médio-alto.
Quadrupel (Belgian Dark Strong Ale)
ABV: 8 – 11. IBU: 20 – 35. SRM: 12 – 22. Cor âmbar/cobre profundo, com uma espuma grande, cremosa e persistente. Aromas e sabores complexos, com malte, ésteres significativos e álcool, um caráter picante suave e baixo amargor.
Aspectos relevantes
É importante destacar o papel que os ingredientes e os processos de brassagem desempenham na definição dos estilos Dubbel, Tripel e Quadrupel.
A seleção de maltes, leveduras e lúpulos é crucial para alcançar as características únicas de cada estilo.
1. Ingredientes
Os maltes usados na produção dessas cervejas são tipicamente Pilsen, Munich e Caramelo, que fornecem os sabores e cores distintivos.
As leveduras belgas, conhecidas por sua capacidade de produzir ésteres e fenóis, são essenciais para os aromas frutados e picantes. Os lúpulos, embora menos proeminentes do que em outros estilos, contribuem para o equilíbrio e o amargor.
2. Brassagem
A técnica parti-gyle, embora historicamente relevante, foi substituída em muitas cervejarias por métodos mais modernos que permitem maior controle sobre a densidade do mosto e o teor alcoólico final.
3. Contexto histórico
As cervejas trapistas têm uma rica história ligada aos mosteiros belgas e holandeses, que não apenas preservaram as tradições cervejeiras, mas também inovaram e adaptaram suas receitas ao longo dos séculos.
A produção de cerveja nos mosteiros estava intimamente ligada à vida monástica, servindo como fonte de sustento e uma forma de hospitalidade para os peregrinos.
4. Impacto na indústria moderna
Esses estilos belgas influenciaram significativamente a indústria cervejeira moderna, com muitas cervejarias ao redor do mundo adotando e adaptando esses estilos, criando versões que respeitam as tradições enquanto incorporam ingredientes e técnicas locais.
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